Greici Will

PUBLICAÇÕES

O vento, o sentimento, a psicoterapia e o cata-vento

Por Greici Will

           Não vemos o vento, apenas seus efeitos nas coisas e nos corpos. 
           Percebemos sua intensidade ou suavidade no balanço das ondas, das árvores, nas folhas caídas no chão.

           Por vezes podemos ouvir os sons que resultam de seus encontros. As portas que batem, as frestas que assobiam, os balanços e os solavancos.
           Não podemos tocar, mas somos tocados por ele. Às vezes, o desejamos, às vezes, tentamos nos proteger, nos esconder.
           Ele está ali, atravessa a fronteira de nossas escolhas sem pedir licença.

           Assim são nossos sentimentos, nos atravessam sem que possamos eleger, por vezes, os utilizamos a nosso favor, livre como quem se diverte em um dia de vento soltando pipas.
           Em outros momentos, tentamos desconsiderar, como quem nada contra a maré esquecendo que a corrente de vento faz a água se movimentar.

           Respeitar este invisível, ouvir seus sons, seus sinais é compreender que não podemos interferir na velocidade ou na direção do vento, mas cabe a nós, por exemplo, segurar ou soltar nossos balões em dia de ventania.

           Aprender a fazer escolhas, aproximar-se daquilo que não se pode ver, é permitir se sentir e a partir de então, criar a melhor forma possível de se viver, usar a força da capitação destes recursos naturais, sejam eles, o vento ou os sentimentos. Os cata-ventos, assim como os processos de psicoterapia são possibilidades para tornar visível a energia invisível que nos movimenta.